segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ensaio acerca do caos e da mística (amorfa)

Fui surgindo assim, meio amorfo, meio avesso, meio sujo, nu.
Como um anjo cubista, um Dali ou um Picasso, algo belo, ou desconexo.
Sem algemas nem barbante, fui amando, amando, amando, ... simplesmente.
Nada tão surreal ou súbito, apenas uma comédia sem drama ou mocinha.
A vida, com seus demônios e anjos, ... amorfos.

Henrique Magalhães
(todos os direitos reservados)

LIX

Pobres poetas a quem a vida e a morte
perseguiram com a mesma tenacidade sombria
e logo são cobertos por impassível pompa,
e entregues ao rito e ao dente funerário.

Eles - obscuros como pedrinhas - agora
detrás dos cavalos arrogantes, estendidos
vão, governados ao fim pelos intrusos,
entre os acompanhantes, a dormir sem silêncio.

Antes e já seguros de que já está morto o morto
fazem das exéquias um festim miserável
com pavões, porcos e outros oradores.

Espreitaram sua morte e então a ofenderam:
só porque sua boca está fechada
e já não pode contestar seu canto.

Pablo Neruda in Cem Sonetos de Amor

seja "bem-vindo"

7 de agosto
eis a data que eu vim ao mundo
acho que não o prepararam muito bem para me receber

Henrique Magalhães, parafraseando Mário Quintana
(todos os direitos reservados)

domingo, 30 de dezembro de 2007

avessos



O que há por detrás da janela matinal? Apenas a manhã.
Por detrás da manhã apenas o vulto, a brisa, a poeira, o tempo, ...
Por detrás disso tudo, a vida. O tempo que dilacera certezas, reconstrói abismos, reergue pontes, ...
O avesso do avesso do avesso!!!
A janela, a manhã, o vulto, a brisa, a poeira, o tempo, a vida, ... avessos.

Henrique Magalhães
(todos os direitos reservados)

desencontros, ...



Acordei hoje como num dia normal: olhos ainda remelentos de uma noite bem (mal) dormida, corpo preguiçoso e cama ainda aquecida.
Levantei-me num esforço sobrenatural da cama, me olhei no espelho e disse ao cara estranho que eu via: "oi". Esse cara parece que também me dizia algo, não consegui ouvir bem o quê.
Enquanto meus dentes se perdiam em meio as espumas do creme dental, me perguntava: "como será hoje?". Como nos outros dias, apenas mais um dia entre tantos. Resolvo fazer algo que há tempos não fazia. O quê? Soltar pipa, correr frenetivamente atrás de uma bola num campinho de terra batida, ler alguma coisa bem boba, escrever algo bem tolo? Não hesitei muito, fiquei com a última opção.
O que aconteceu depois! (...) e eis que nasceu um blog!!!

Henrique Magalhães
(todos os direitos reservados)