sexta-feira, 1 de junho de 2012

Chifre: Modo de Usar, por Xico Sá

Descobri esse texto, interessantíssimo, futucando um dos blogs o qual eu costumo seguir com uma relativa regularidade, assinado pelo jornalista e cronista cearense Xico Sá (http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/).
Trata-se de uma reflexão bem-humorada e sem "frescuras" sobre uma das questões mais discutidas e também mais témidas (principalmente por nós, "homens com H"): o chifre.
Enfim: quem nunca levou (ou pelo menos não sabe que já levou)?
A todos e a todas, uma inquietante leitura!



Como assim corno de si mesmo?
É possível?
Como aprendi, entre outras tantas lições, com o meu conterrâneo Miguel Arraes: “Meu filho, tudo é possível no mundo dos possíveis”. Era uma coletiva no Palácio do Campo das Princesas. Jovem repórter, havia feito uma pergunta imbecil qualquer.

É possível ser corno de si mesmo? Sim. Está ai o Marques de Sade, um dos padrinhos sentimentais deste blog, que não nos deixa mentir.

Cuidado. É mais possível do que o amigo e a amiga imaginam.
Digamos que você vá a uma baile de máscaras. E lá esteja, sem que o saiba, seu marido ou a sua mulher. Você transa sem saber que é ele(a).

Eis a pista. Mais eu não conto para não estragar de tudo a leitura deste conto genial. Havia sido lançado pela Hedra, agora volta em uma edição para lá de econômica, apenas cinco mangos, na coleção de banca da L&PM.
Coleçãozinha excelente da editora de Porto Alegre. São livros de até 64 páginas, contos ou pequenos ensaios. Ideais para ler no metrô, em uma ponte aérea, no consultório.

Bela iniciativa no país dos livros caros e dos homens baratos.
“O corno de si mesmo” é da série de textos que o nobre Marquês escreveu quando estava preso na Bastilha, por volta de 1787, na França.

De si mesmo ou de outrem, amigo, algum dia faltamente seremos. Por isso o valor dessa literatura para refletir e coçar a testa. Eu recomendo.
Não há nada demais nisso. Seja você manso, complacente, quase um voyeur do chifre, como muitos personagens de Sade. Seja você um corno bravo, destemido, do tipo que sai a fazer besteiras. Inúteis besteiras. Chifre posto, nada mais nessa vida o subtrai.

Sim, caro Marçal Aquino, o amor e outros objetos pontiagudos. Acontece nas melhores famílias da Inglaterra ou do Crato.
Só um chifre, aliás, humaniza um macho. Só um chifre tira a nossa arrogância falocrática.

E já que falamos de filosofia de pára-choque, fica aqui um clássico: chifre é para homem, boi usa de enxerido.
Relaxa.


Xico Sá
(Jornalista, colunista da Folha de São Paulo)

Um comentário:

Weslley Almeida disse...

Que figura...!
E agora, ser corno, na era da internet, vai ser apenas uma questão de download. Mas o chifre não vai ser virtual... kkk!