domingo, 22 de julho de 2012

um pequeno aperitivo de romero britto

Nessa nova postagem referente à série "um pequeno aperitivo de...", minha homenagem vai para o artista plástico brasileiro mais conhecido e premiado do mundo na atualidade, o grande e ilustre pernambucano Romero Britto.
Representante do movimento intitulado pop art, o artista "usa e abusa" de cores vivas e formas geométricas, formando mosaicos em torno de temas cotidianos do dia a dia, como casais de namorados, animais e jardins. Uma espécie de "cubismo moderno".
A todas e a todos, um bom deleite!











Romero Britto (1963) é um famoso pintor e artista plástico brasileiro. Radicado em Miami, nos EUA, ficou conhecido pelo seu estilo alegre e colorido, por apresentar uma arte pop, despojada da estética clássica e tradicional. É considerado um dos artistas mais prestigiados pelas celebridades americanas e o pintor brasileiro mais bem sucedido fora do Brasil.
O artista já começou seu interesse pelas artes na infância, quando usava sucatas e papelões de jornal para exercitar a sua criatividade. Eram tempos de pobreza e muitas limitações na cidade de Recife. Romero Britto também começou nessa época a usar a grafitagem, o que foi de grande influência em seu trabalho.
Iniciou o curso de Direito na Universidade Católica de Pernambuco, mas depois viajou aos Estados Unidos e lá estabeleceu-se como artista de sucesso até hoje.
É muito influenciado pela estética cubista, e tem Picasso como um grande mestre. Seu estilo vibrante e alegre, com cores fortes e impactantes fez com que sua obra tivesse forte ligação com a publicidade. O artista já mostrou o seu talento pintando para uma campanha publicitária da marca de vodca sueca Absolut, para as latas de refrigerante da Pepsi Cola, e redesenhou personagens de Walt Disney.
Muitas celebridades admiram a obra de Romero Britto, como Arnold Schwarzenegger, Madonna, os ex-presidentes Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, respectivamente dos EUA, Brasil e Argentina. Suas coleções estão presentes em diversas galerias do mundo inteiro.
Dentre outras realizações, merece destaque a criação dos selos postais que levam o nome de Esportes para a paz, sobre as olimpíadas de Beijing. Outra criação importante é uma pirâmide que esteve instalada no Hide Park, em Londres, com uma altura similar a de um prédio de quatro andares. A obra deverá ser encaminhada para o museu da criança, na cidade do Cairo, no Egito.
Suas pinturas estão presentes em importantes aeroportos do mundo inteiro, como os de Washington DC, Nova York e Miami. Vale citar outros locais onde se pode ver e apreciar as suas obras: Montreux Jazz Raffles le Montreux Palace Hotel e Azul Basel Children’s Hospital, ambos na Suíça, e o Sheba Sheba Medical Center, Tel Aviv, em Israel.
Hoje, o pintor vive em Miami, cidade na qual possui grande identificação e é casado.

fonte: http://www.e-biografias.net/romero_britto/

quinta-feira, 19 de julho de 2012

álbuns inesquecíveis - rock (internacional)

Dando continuidade à série composta por álbuns que marcaram minha vida e ainda hoje me enchem de uma nostalgia juvenil cada vez que eu os ouço, posto aqui comentários sobre mais sete álbuns marcantes de rock, dessa vez internacional. Não dá para lembrar de todos, né!
PS: Sete não é um número esotérico nem, tampouco, cabalístico para mim, é apenas um número que eu simpatizo. Aliás, sempre simpatizei mais com números ímpares. Sei lá, talvez seja alguma coisa meio cabalística mesmo. Ah... vamos aos álbuns!!


1 Guns N’ Roses – Appetite For Destruction


Foi um dos primeiros álbuns de rock internacional que eu realmente parei para ouvir. Já havia ouvido vários outros, mas não como este.
A banda, em seu primeiro trabalho de estúdio nos brinda com um hard rock suingado, irreverente, pesado e melódico na medida certa. Foi, sem dúvida, em minha modéstia opinião, o álbum mais equilibrado que eles lançaram ao longo de sua carreira. E a guitarra de Slash constitui um show a parte.
O disco abre com o clássico Welcome to the Jungle, e vai seguindo com uma série de clássicos até hoje obrigatórios em seu set list como Paradise City, It’s so Easy e Sweet Child O’Mine.


2 U2 – Under a Blood Red Sky


Este foi o primeiro álbum ao vivo gravado por este quarteto irlandês (na época, 1983, ele foi lançado como um mini-LP), uma das bandas de rock mais bem-sucedidas da história. Com uma carreira sólida e concisa ao longo dos anos, com a mesma formação desde os primórdios o grupo passou por altos e baixos no decorrer de sua história, porém vem se mantendo até os dias atuais sem deixar a “peteca cair”, com turnês milionárias, os discursos messiânicos do vocalista Bono Vox e um set list mesclado com clássicos históricos e mais recentes.
Nesse álbum ao vivo gravado em Dublin, capital irlandesa, em 1983, o grupo, ainda jovem, nos brinda com oito faixas até hoje clássicas, em versões arrebatadoras, como Gloria, que abre o disco, The Eletric Co., I Will Follow, New Year’s Day e o hino Sunday Bloody Sunday.   


3 Pearl Jam – Ten


 A cena grunge, surgida em Seattle (EUA, no início da década de 1990, teve como filho mais famoso a banda Nirvana, liderada pelo tresloucado Kurt Cobain. Esta, porém, está longe de ser a banda mais talentosa, musicalmente falando, produzida pelo movimento. Aliás, para quem já assistiu alguma performance deles em um show, percebe-se que eles ficaram muito mais famosos pela “atitude” do que pela música, onde eles nitidamente não tinham o menor pudor em desafinarem ou errarem notas, por exemplo.
Destaca-se, porém, bandas cujo talento era eminente, tanto em estúdio como ao vivo, a exemplo do Alice in Chains e do Pearl Jam. Enfoquemos na última.
Formada pelo ótimo vocalista Eddie Vedder e por mais quatro músicos excepcionalmente talentosos (os guitarristas Stone Gossard e Mike McCready, o baixista Jeff Ament e o baterista Matt Cameron), o Pearl Jam começou bebendo nitidamente na fonte de bandas setentistas inglesas, como o The Faces e o Rolling Stones, como se percebe no seu álbum de estréia, o Ten, lançado em 1991. Nesse disco, recheado de clássicos até hoje indispensáveis em qualquer apresentação da banda, há pancadas como Once, Why Go, Jeremy e a maravilhosa Even Flow, e também baladas como Release, Alive e a belíssima Black.


4 Metallica – Metallica (“The Black Album”)


Na cena thrash metal mundial, nenhuma outra banda se destacou como o Metallica. Considerado por muitos críticos como os pioneiros do estilo, uma espécie de heavy metal com um som mais “sujo” e mais agressivo, o grupo lançou álbuns clássicos ao longo de sua carreira de 30 anos. Entre 1983 e 1991, gravaram cinco álbuns clássicos: Kill’n Wall (1983), Ride the Lighting (1984), Master of Puppets (1986), …and Justice for All (1988) e Metallica (1991). Esta constitui a fase áurea de sua longa história.
No último álbum citado acima, conhecido popularmente também como “The Black Album” devido a capa em tom negro (provavelmente uma homenagem póstuma ao falecido ex-baixista Cliff Burton), o grupo apresenta um som mais cadenciado em relação ao álbuns anteriores, embora ainda pesado. Destaque para as belas The Unforggiven e Nothing Else Matters, e as clássicas Sad But True, Enter Sandman e Wherever I May Roam.      


5 Radiohead – OK Computer


Eleito por diversas revistas especializadas em rock n’roll e música em geral como um dos melhores álbuns de rock da década de 1990, a exemplo da conceituada Billboard, esse álbum consagra de vez o Radiohead, um dos pioneiros do movimento BritishPop (ou simplesmente, Pop Britânico) dos anos 1990, como uma das bandas mais criativas ainda em atividade da música mundial. Sim, Thom Yorke é um poeta genial cercado por músicos talentosos, como o guitarrista Ed O’Brien, que compõem a cozinha perfeita para o menu de canções a serem servidas.
O Ok Computer constitui também o álbum mais equilibrado do Radiohead, onde este combina perfeitamente a sonoridade pop de seus álbuns anteriores, o Pablo Honey (1992) e o The Bends (1995), com o experimentalismo que viriam a ser mais enfocados em seus trabalhos posteriores, como o Kid A (2000) e o Amnesiac (2001). Tematicamente, o álbum aborda a tecnologia, a política, a alienação e a hipocrisia social. Destaque para No Surprises, Karma Police, Let Down e a espetacular Paranoid Android.


6 Iron Maiden – Powerslave


Quando eu comecei a ouvir rock pesado, comecei pelo thrash metal, uma variação mais agressiva do heavy metal, por bandas como Megadeth, Metallica e Slayer. Ouvir o Iron Maiden pela primeira vez, através de um grande amigo que eu considero um irmão chamado Manoel, foi antes de tudo a descoberta de que era possível fazer um som pesado e ao mesmo tempo melódico. Virei fã quase que instantâneo da banda.
Maior representante do movimento conhecido como New Wave of the British Heavy Metal (NWBHM), surgido no início dos anos 1980, o Iron Maiden começou como um quinteto centralizado nas personalidades do guitarrista Dave Murray e do baixista Steve Harris, únicos integrantes fixos do grupo até então. As temáticas de suas letras alternam entre histórias de ficção científica, misticismo e até eventos históricos.
No Powerslave, quinto álbum de estúdio do grupo (lançado em 1984), o time é composto pelos vocais de Bruce Dickinson, a guitarra de Adrian Smith e a batera de Nicko McBrain, além dos já citados membros, constituindo a formação mais clássica do grupo. Clássicos como Aces High e 2 Minutes to Midnight são até hoje obrigatórios em qualquer turnê do grupo. Na minha modéstia opinião, é o melhor álbum já produzido pelo grupo, juntamente com o Piece of Mind, gravado um ano antes (1983). Ambos não contêm uma única faixa ruim, ou sequer regular.


7 Sepultura – Arise


Quando ouvi pela primeira vez o Sepultura eu devia ter uns 17 anos. Pirei instantaneamente (sem exageros)! Foi através de um amigo chamado Cléo, que andava comigo e com alguns amigos “roqueiros” da rua onde morei em minha juventude. Na casa dele havia um LP Arise, juntamente com algumas outros discos pertencentes a sua mãe. A capa já me assustou logo de cara. Uma coisa quase que apocalíptica! Quando comecei a ouvir os primeiros acordes de Arise (faixa-título) então, me arrepiei todo. Nunca havia ouvido nada tão pesado e tão tenebroso ao mesmo tempo. Mas acabei ficando viciado pelo álbum, a ponto de eu os mesmo citados amigos termos, na época, encomendado camisas pretas com a capa do citado álbum gravada. Em shows de rock que rolavam na cidade, ou até mesmo em outros eventos, só dava ela.
Pioneiros no movimento surgido em Belo Horizonte no fim dos anos 1980 que divulgava o metal pesado cantado em inglês, juntamente com bandas como Chakal e Sarcofago, o Sepultura foi fundado pelos irmãos Max (vocal e guitarra rítmica) e Igor Cavalera (bateria) e depois consolidado com Andreas Kisser (guitarra solo) e Paulo Jr. (baixo). Foi também uma das bandas brasileiras pioneiras a desbravar terras estrangeiras com o tipo de som que faziam.
Além de Arise, destaca-se pancadas como Dead Embryonic Cells, Desparate Cry, Subtraction e a versão matadora de Orgasmastroin, do Motörhead, uma de suas maiores influências.

henrique magalhães
(todos os direitos reservados)

lembretes

arte: joan miró


numa caixa de sapatos
vazia
e numa taça de vinho
tinto
seco
cabem todas as rugas
que cabem numa alma
que não cabe
em mim

nas capas dos discos
velhos e lacrados
e no velho vinil
nauseado
tocando uma velha canção
de amor
ou tédio
silenciam-se meus gritos
que não cabem
em mim

no quarto de dormir
e amar
insípido
e no velho livro
de poesia
amor
ou auto-ajuda
moram vários em um
ou um
em vários
nenhum deles (in)existem
co-existem
mas não cabem
em mim

henrique magalhães
(todos os direitos reservados)



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Maria Teclado e o sexo na Flip, por Xico Sá

Eis mais um "testículo" extraído da coluna do Xico Sá, figura "cosmofílica, catafólica, esquizofrênica", ou seja mais lá o que for.
Em um país de livros caros, homens baratos e pseudo-intelectuais (para não falar em "jumentos" mesmo, com todo respeito ao animal-símbolo da força e da bravura do homem campestre), as ditas  "Marias-teclados" podem consistir em um símbolo desse falso intectualismo imperante em terra brasuca. Ou não, elas apenas se sentem atraídos por caras cults (seja lá que diabos for isso), que curtem literatura e escrevem.
De qualquer maneira, é um texto interessante, provocador, divertido. E por que não dizer reflexivo? Boa leitura, e que venham as Marias-teclados!

A argentina Pola Oloixarac fez a festa dos "Zé-teclados" na Flip 2011 

Ao contrário dos festivais de música, teatro e cinema, as farras literárias, como a Flip, costumam ser mais conservadoras em matéria -sejamos diretos, sem metáforas -de sexo.
A literatura ainda guarda uma certa solenidade. Basta ver a quantidade de fotos de escritores com mão no queixo.
Mas nada que uma Maria Teclado não possa mudar o cenário careta. Um país se faz com livros e Marias Teclados. Elas salvam a Flip.
Assim como a Maria Chuteira se derrama de amores pelos jogadores e a Maria Gasolina aprecia os felizes portadores de carrões, a Maria Teclado vem a ser uma íntegra e romântica gazela que ama os escritores e os seus volumes, suas obras completas, capa mole ou capa dura.
Num país que pouco se lê, tem coisa mais bonita?
A MT é uma criatura generosa e pratica, nas baladas literárias, Flips, bienais etc, o sagrado e bíblico direito da conjunção carnal, abandonando o mítico posto de musa.
Para um escritor ainda não muito flipável ou conhecido, a maldição literária é a melhor isca para levar uma Maria Teclado à alcova. Vale por uma estante de prêmios jabutis.
Os marginais sabem, como no mantra do Eduardo Cac, um dos nossos representantes da geração 70, que “para curar um amor platônico somente uma trepada homérica.”
Não carece, porém, repito, preocupação alguma com vosso gênero ou estilo. Pasme, até os cronistas, velhos praticantes deste gênero que é o caldo-de-cana com pastel de feira da literatura, têm direito a amantes talhadas para o tecladismo.
A Maria Teclado possui um caráter inoxidável. É raro uma MT que ama um ficcionista cair de amores, mesmo com a crueldade outonal do calendário, por um milionário mago da autoajuda.
Somente sob efeito de tonéis de Maria Izabel, a cachaça oficial da Flip, uma MT pode embaralhar os gêneros, os estilos e as vocações, fazendo da taberna literária um saloon do velho Oeste. Os civilizados ficcionitas também vão às vias de fato.
O normal, porém, é a fidelidade, ao contrário do que ocorre com as Marias Chuteiras e Gasolinas. Estas carecem de status e não curtem ostracismo.
Ter uma MT é um luxo sob qualquer ângulo. Para começar, ela é antes de tudo uma leitora. Voraz ou não, estuda o seu alvo, nunca larga um livro antes da vigésima página -se bem que existem MTs que sabem dar o truque tanto quanto os resenhistas de plantão dos nossos jornais. Haja leitura dinâmica.
No geral, ressalte-se, a Maria Teclado é uma mulher séria, honesta, lida mesmo, capaz de dizer no ouvido do mancebo parágrafos inteiros dos seus livros obscuros. Inclusive daquela primeira publicação que o autor renega e abomina. Nestas ocasiões é broxada na certa, deixa quieto, não era esta a intenção da mademoiselle.
Como não se trata de uma interesseira, está mais para uma admiradora, uma MT pode dar em uma ótima e legítima esposa. Isso não significa que sejam umas Amélias. É atividade que abraça por vocação, zelo e gosto.
Não há limites para as qualidades de MT. Muitas vezes também escrevem, na moita, revelando aos poucos os seus papiros. Muitas superam os seus maridos, como a Simone de Beauvoir, que começou como MT e fez-se uma escritora mais palatável do que o bofe existencialista.
Sim, os Zés Teclados também já se encontram em Paraty. Bom proveito a todos.

Xico Sá
Colunista da Folha de São Paulo

Extraído de http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/07/05/maria-teclado-e-o-sexo-na-flip/

domingo, 1 de julho de 2012

à minha avó

arte: di cavalcanti


eu, infante
contava estrelas
cintilantes
no negro céu
pálido
ao sabor de araçás
recém-caídos
sob o árido solo
de minha imaginação
infante

infante, eu
sob o fervilhar incandescente
da velha chaleira
observava borbulhas
do café negro
e o coração a flutuar
junto às pipas
e o gritar de mancebos
como eu
na rua

minha avó
que passava roupas
enquanto apitava
o velho bule
sussurrava docemente
sobre minhas orelhas
frias:
"filho, é melhor sonhar
continue
sonhando"

henrique magalhães
(todos os direitos reservados)